sexta-feira, 27 de maio de 2011

Reposição cirúrgico-ortopédica de implante mal posicionado

Relato de Caso Clínico




Uma paciente de 20 anos de idade, leucoderma,
foi atendida para avaliação de um implante
dentário que havia sido colocado há seis anos para
substituição do dente 12. Ao exame clínico observou-
se que a margem gengival encontrava-se cerca
de 6mm acima da margem gengival dos dentes
adjacentes. Ao exame periodontal observou-
se uma gengiva de coloração rósea, sem sinais
inflamatórios e profundidade de sondagem dentro
dos parâmetros de normalidade. O implante não
apresentava mobilidade e a paciente não apresentava
queixas álgicas. Para mascarar o mal posicionamento
do implante havia sido confeccionado
uma gengiva artificial que, apesar de permitir uma
boa higienização da área, o resultado estético mostrava-
se insatisfatório.Ao exame radiográfico
constatou-se que o implante estava com sinais
de osseintegração, sem radiolucidez apical ou periimplantar.As opções de planejamento propostas à paciente foram remoção do implante
bloco e posterior colocação de outro implante ou
osteotomia segmentar, associada ou não à osteodistração,
para reposicionamento coronal do implante
e confecção de nova coroa. Após avaliação
dos riscos e benefícios das duas técnicas, optouse
pelo reposicionamento do implante. Devido à
necessidade de mobilização coronal do implante
superior a 4mm e ao fato da mucosa palatina não
apresentar elasticidade suficiente para permitir
este deslocamento imediato, seria confeccionado
um aparelho que possibilitasse esse deslocamento
de forma gradativa (osteodistração). Inicialmente
foram confeccionados modelos em gesso dos arcos
dentais e, após montagem em articulador semiajustável,
foi feita a cirurgia em modelo para mensurar
a magnitude do movimento. Como o deslocamento
previsto na região palatina seria superior
a 4mm, optou-se pela confecção de um aparelho
ortopédico removível, tipo Schwartz modificado,
com um parafuso de disjunção na face vestibular,
que ao ser ativado promoveria o deslocamento de
uma alça no sentido coronal. Foram
realizadas simulações no modelo em gesso e observou-
se a viabilidade do sistema. Após esterilização
química do aparelho, a paciente foi submetida
à anestesia local pela técnica infiltrativa terminal
nas regiões vestibular e palatina referente aos dentes
11, 12 e 13. Após anestesia da área, foi realizada
uma incisão horizontal em região de mucosa
alveolar, cerca de 2mm acima da linha mucogengival,
estendendo-se da face mesial do dente 11 à
face distal do dente 13. Foi então feito descolamento
de retalho mucoperiosteal com exposição splint foi removido para confecção da restauração
da tábua óssea da região 12 e regiões interproximais
até o nível da crista óssea interdental. Com
auxílio de uma broca carbide 701, sob constante
irrigação com solução fisiológica, foram feitas linhas
verticais de osteotomia no centro das regiões
interproximais, paralelas entre si, e demarcação da
osteotomia horizontal imediatamente abaixo da
abertura piriforme. As osteotomias foram
completadas com auxílio de um cinzel tipo espátula
e martelo cirúrgico. Para guiar o movimento
do martelo e cinzel, apoiou-se o dedo indicador da
mão esquerda sobre a mucosa palatina da região
que estava sendo osteotomizada e ao primeiro sinal
de ruptura da cortical palatina o cinzel era removido.
Após as osteotomias serem completadas, o segmento
foi totalmente mobilizado, constatando-se
que não havia interferência óssea ao deslocamento. Como havia sido previsto no planejamento,
a mucosa palatina oferecia a única resistência
ao completo deslocamento coronal do segmento
osteotomizado. A sutura foi realizada através de
pontos interrompidos com fio de seda 3.0.
A coroa foi então fixada com cimento provisório
e foi feita a colagem de um braquete sobre a face
vestibular da coroa do dente 12, posicionado imediatamente
abaixo da alça do aparelho ortopédico. A paciente foi medicada com antibiótico
(amoxicilina, 500mg, v.o., 8/8 hs.) por um período
de 5 dias e analgésico (paracetamol, 750mg, v.o.)
em caso de dor. Após um período de latência de 7
dias a ativação foi iniciada com a freqüência 2/4
de volta uma vez ao dia (0,5mm) durante 12 dias.
Após cada ativação a coroa era fixada às coroas dos
dentes adjacentes com auxílio de resina composta
foto-ativada para evitar mobilidade do segmento e
o excesso da coroa era removido por desgaste na
borda incisal. Após este período observou-
se que margem gengival do dente 12 estava
posicionada de forma estética quando comparada
à margem gengival dos dentes adjacentes e
interromperam-se as ativações. A coroa
foi então fixada aos dentes adjacentes e após 60
dias definitiva. Após 1 ano da realização do
procedimento observa-se que tanto o periodonto
de proteção quanto o de sustentação apresentam-se
dentro dos aspectos clínicos e radiológicos de normalidade.

Por: Aylla Alves Mendes

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