domingo, 29 de maio de 2011

Medo de dentista

No último Congresso Brasileiro de Odontopediatria, realizado em Goiânia (GO), fomos brindados com algumas apresentações que tinham como tema principal o medo da criança frente ao tratamento odontológico. Um prato cheio para um post bem bacana no blog da Ana. E aqui estou eu novamente, usufruindo desse espaço.


Dentre as palestrantes, não posso deixar de citar duas figuras muito carismáticas e de uma competência científica sem igual: Dra. Judith Versloot, uma psicóloga holandesa que tem como principal linha de pesquisa o reconhecimento e a quantificação da dor no tratamento odontológico infantil; e a Dra. Maria Salete Nahás Pires Correa, odontopediatra renomada e professora da Universidade de São Paulo (USP), uma sumidade quando se fala em aspectos psicológicos no atendimento odontopediátrico.
E o que elas trouxeram de novo? Na verdade, vieram confirmar muitas coisas das quais já se sabia e em que se acreditava. Dentre elas, algo que sempre me chamou a atenção: muito embora o medo seja um sentimento subjetivo (cada um tem o seu), ele é algo tendencioso. Como assim? Desde pequeno, somos influenciados a ter medo de alguma coisa, ainda que de maneira inconsciente. Seja por intermédio da família, pela mídia ou pelos coleguinhas da escola, sempre vivemos a sensação do medo alheio e acabamos tomando esse medo para nós.
Funciona mais ou menos assim: se meu amiguinho tem medo do dentista (nosso tema específico), é porque ele já foi ou teve uma experiência ruim. Mesmo que eu ainda não tenha ido a um consultório odontológico, eu “já sei” o que acontece ali e tenho medo que possa acontecer o mesmo (ou pior) comigo. Então, eu também tenho medo do dentista. Ou ainda: se a TV mostra um desenho em que o dentista causa extremo sofrimento a alguém, a criança acaba tomando aquilo como uma verdade. Ou seja: o dentista acaba sendo um grande vilão.
Uma das principais causas que geram o medo do dentista é a possibilidade de sentir (mais) dor. É claro que, como profissional de saúde, ele está ali para ajudar e, obviamente, acabar com a dor de dente. O problema é que, como disse antes, muitas crianças pensam que vão sofrer ainda mais no consultório odontológico. Resultado: elas começam a esconder a dor. O medo de ir ao dentista acaba sendo uma causa para esse fingimento.
No intuito de se mostrar forte e valente, ou até mesmo de evitar uma situação de constrangimento diante da família e dos amiguinhos, a criança passa a fingir que está tudo bem. Mas que tipo de constrangimento poderia haver? Coisas do tipo: “Deixa de ser mole, é só um dente de leite”; ou a chacota da turminha da escola: “Fulano tem dente podre, vai ficar banguela!”; “Vai ter que ir ao dentista pra tomar injeção e arrancar o dente!”
Portanto, pais e mães, procurem incentivar seus pequeninos a cuidarem da saúde bucal desde cedo. Mostrem a eles o quanto a visita periódica ao dentista é importante. Sejam amigos dos dentistas! Mostrem que não é preciso ter medo de ir ao consultório, mas sim, que é algo necessário. Só assim elas podem crescer com saúde e acabar com o medo do bicho-papão que muitas delas pensam que somos!
Escondidos.
 Gustavo em Odontopediatria em

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